AVENTURAS EM SPEYSIDE
- Danilo Cembrero
- Dec 7, 2015
- 2 min read
A chuva era forte e insistente naquele dia em Edimburgo. Eram 5 horas da manhã e eu me preparava para uma entrevista de emprego que poderia mudar os rumos da minha carreira. Lá estava eu, pegando o trem desde a capital Edimburgo, até o vales da capital mundial do single malt, o Speyside.

Em Speyside, no fim do arco-íris há um barril de ouro! (foto: William Nyffeler)
Meu primeiro contato com a região, foi assim, digamos, mágico! Apesar de eu apenas ter tido tempo de visitar a destilaria Glenfiddich – onde eu tinha uma entrevista de emprego para a vaga de Guia de destilaria – minha primeira visita à Speyside foi como seu eu estivesse em um outro planeta. As lindas paisagens que me cercavam, as montanhas, os vales de cores vivas e alegres me davam a impressão de que eu teria uma experiência inesquecível morando no nordeste Escocês.
Três semanas após aquele dia, lá estava eu: Primeiro dia como guia turístico para a destilaria Glenfiddich.

(Foto: Gene & Deena Gonzales)
Para se tornar um guia em uma destilaria, primeiramente, paixão por comunicação é essencial. Estar em contato com pessoas de diversas nacionalidades e interesses faz do guia turístico um verdadeiro anfitrião, ou seja, não existe lugar para timidez quando liderando um grupo de turistas. Após uma semana de treinamento onde pude aprender todo o processo de produção dos whiskies Glenfiddich e Balvenie, lá estava eu, vestindo a minha kilt e pronto para as perguntas mais cabeludas sobre o single malt mais vendido no mundo.

(Foto: gouk.about.com)
O emprego de guia em uma destilaria pode ser muito cansativo, sendo que envolve longas horas trabalhando em pé e algumas boas caminhadas. Também, é necessário mudar o idioma falado quase que instantaneamente, dependendo da nacionalidade de quem faz a pergunta. Além disso, muitas vezes é preciso falar bem alto e claro para que possam te escutar, especialmente quando estamos nas barulhentas casas de destilação.
Ser um Tour Guide em uma destilaria é um trabalho mais que gratificante, principalmente pelo fato de que todos os visitantes, ou pelo menos a grande maioria, estão de férias. E me digam, quem fica de mau humor quando está visitando dos lugares mais bonitos do planeta?
Eu imagino que em alguns anos aquelas pessoas irão se lembrar de pouquíssimas coisas do que foi explicado durante a visita, especialmente os números e nomes complicados na produção do whisky. Entretanto, eles irão se lembrar da marca, e claro, do guia! Acordar para ir trabalhar e saber que você vai deixar algo de bom na memória de muitas pessoas, que irão se lembrar do brasileiro sempre de bom humor vestindo a “saia escocesa”, realmente não tem preço!

O time de guias da destilaria Glenfiddich em 2014.
Durante os 6 meses que trabalhei na Glenfiddich, fiz muitos amigos, conheci gente de todos os cantos do planeta, dancei música Escocesa, acampei em um castelo, fiz churrasco nos jardins de uma destilaria e aprendi muito mais sobre whisky do que eu pudesse imaginar. Quando olho lá atrás, penso naquele dia chuvoso em Edimburgo, o dia daquela entrevista, eu sinto como se eu tivesse encontrado não o pote de ouro, mas o barril de whisky no fim do arco-íris.
Não viu a primeira parte das aventuras na terra do whisky? Leia aqui.
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